Mortes decorrentes de intervenção policial triplicam na Baixada Santista e Vale do Ribeira: 'Alarmante', diz ouvidor da PM
11/12/2024
Em entrevista à TV Tribuna, afiliada da Globo, Cláudio Aparecido da Silva disse que a região sob atuação do Deinter-6 é onde mais morrem pessoas no estado de São Paulo. Ouvidor considera alarmante o número de mortes em decorrência de ações policiais
As mortes decorrentes de intervenção policial triplicaram na área de atuação do Departamento de Polícia Judiciária de São Paulo Interior - Deinter 6 na Baixada Santista e Vale do Ribeira. A informação foi dada pelo ouvidor da Polícia Militar Cláudio Aparecido da Silva à TV Tribuna, afiliada da Globo, que disse que é a região onde mais morrem pessoas no estado.
✅ Clique aqui para seguir o novo canal do g1 Santos no WhatsApp.
"É um dado alarmante". Segundo o ouvidor, em 2022 foram 42 mortes e, neste ano, até o mês de outubro, foram 129.
Aparecido da Silva afirmou que tem acompanhado com cuidado e preocupação o avanço do número de mortes decorrentes de intervenção policial na região.
Ouvidor da Polícia Cláudio Aparecido da Silva
Andressa Lara/TV TEM
De acordo com ele, a determinação do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, sobre a obrigatoriedade do uso de câmeras corporais por policiais militares durante operações "é um alívio".
No entanto, a ouvidoria avalia que outras medidas também devem ser tomadas. "Para que a gente possa mitigar esse alto índice de mortalidade praticada pela polícia, especialmente na região da Baixada Santista, que hoje é a região onde mais morrem pessoas no estado de São Paulo".
'Polícia mais truculenta'
Operação policial na Baixada Santista
Sílvio Luis/A Tribuna Jornal
Para o ouvidor, esse aumento de casos envolvendo policiais militares no estado de São Paulo estão relacionados à falta de preparo desses profissionais, ao racismo, desigualdade social e também ao adoecimento mental dos agentes.
"Afinal de contas, no ano passado, a nossa polícia perdeu nove homens por mortes em confronto, e 31 de suicídio, então é uma questão psicológica que precisa ser analisada, refletida e encaminhada", complementou.
Ele disse que há uma questão grave, que é a 'cadeia de comando'. "Nós temos uma gestão que defende uma polícia mais firme, mais truculenta, que atue com mais força. Essa questão, na minha opinião, é a grande responsável pelo alto índice de mortalidade da polícia do estado neste momento".
Cláudio afirmou que o estado vive uma crise sem precedentes na história da segurança pública e mencionou a morte do menino Ryan da Silva Andrade Santos, de 4 anos, durante uma ação policial em Santos.
"Saiu o laudo da morte do outro rapaz que, segundo os policiais, estava no tiroteio. Ele tomou sete tiros, cinco foram pelas costas e dois com ele caído no chão de cima para baixo, então a gente percebe uma certa letalidade e agressividade por parte da polícia", complementou.
O ouvidor também comentou sobre o jovem Vinicius Fidelis dos Santos de Brito, morto a tiros em uma comunidade de São Vicente.
Um vídeo que circula nas redes sociais e obtido pelo g1 mostra o momento em que tiros são disparados dentro de uma casa onde estavam os PMs. Do lado de fora, a mãe do rapaz pedia para entrar, desesperada (veja abaixo).
Rapaz de 24 anos é morto pela Polícia Militar no litoral de SP; PM diz que houve confronto
"Tão logo tomamos conhecimento, já determinamos a abertura de procedimento, acionamos a corregedoria da Polícia Militar, acionamos também o Ministério Público e estamos acompanhando com o máximo possível de rigor para que o que efetivamente ocorreu ali na cena dos fatos venha à tona e a justiça seja feita para ambos dos lados", disse.
Ele afirmou que a ouvidoria da polícia registrou aumento de 40% das denúncias de violações praticadas por policiais. "Tem uma questão de comando que precisa ser corrigida o quanto antes para que a gente volte a ter a polícia que a gente deseja".
"A ouvidoria tem dado todo apoio às famílias, às vítimas, assim como também nós damos todos os policiais que nos procuram para também denunciar a arbitrariedade cometida no interior das tropas", complementou.
VÍDEOS: g1 em 1 Minuto Santos